Adeus, meus sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Álvares de Azevedo

domingo, 29 de julho de 2012

Como uma pedra


Em uma tarde intrigante

Em um quarto cheio de vazio


De maneira livre eu confesso
Que estava perdido nas páginas.

De um livro cheio de morte


Lendo como morremos sozinhos

E, se fomos bons, nos deitaremos para descansar

Em qualquer lugar que queremos ir.

Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto pacientemente
Vou esperar por você lá, como uma pedra
Vou esperar por você lá, sozinho.

Em meu leito de morte eu vou rezar
Aos deuses do amor e aos anjos
Como um pagão, para qualquer um
Que possa me levar para o paraíso.

Para um lugar do qual me lembro
Eu estive lá há um tempo...
O céu estava ferido, o vinho gotejava
E lá você me conduziu.


Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto pacientemente
Vou esperar por você lá, como uma pedra
Vou esperar por você lá, sozinho, sozinho.


E eu continuei lendo
Até que o dia tivesse terminado
E me senti em remorso
Por todas as coisas que fiz.

Por todas que abençoei
E por todas que errei
Em sonhos até minha morte
Irei vagar.


Em sua casa anseio ficar
Quarto por quarto pacientemente
Vou esperar por você lá, como uma pedra
Vou esperar por você lá, sozinho, sozinho.





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