Os primeiros mitos gregos da criação baseiam-se no mito babilônico da criação, provavelmente modificado pelos hititas, um povo do norte que dominou a Ásia Menor durante o segundo milênio a.C.
Criação do mundo
chaos |
Tudo se inicia com Chaos, a existência indistinta: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência. Chaos gerou a Noite, que gerou o Dia. Dele, surge Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais: Eros (atração amorosa), Tártaro (escuridão primeira) e Érebo. Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz Céu (Urano), as Montanhas e o Mar, uniu-se ao Céu (Urano).
Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os Titãs: seis homens e seis mulheres (Oceano, Céos (pai de Leto), Créos, Hiperião (o sol que sobe acima do céu), Jápeto (pai de Prometeu), Téia, Reia (mãe dos deuses), Têmis (a justiça), Mnemosine (mãe das musas), Febe (a lua), Tétis e Cronos (destinado a herdar o reino por algum tempo); e logo os Ciclopes de um só olho e os Hecatônquiros (ou Centimanos). Guiados por Eros, os deuses se reproduzem: há os filhos da Noite, entre os quais estão a Morte, o Sono, os Sonhos e as Parcas, divindades do destino, de cujos desígnios nem os deuses escapavam que eram três: Fiandeira, Distribuidora e Inflexível; e a linhagem do Mar. Nereu e as várias Nereidas, suas filhas, Espanto, Ceto, entre vários outros.
Vitória de Cronos
Cronos devorando um de seus filhos |
Urano odiava os filhos e não queria que nascessem sendo assim eles permaneceram escondidos na Terra. Havia 18 ao todo, 12 dos quais eram Titãs. Então Terra fez uma foice de adamas cinzento, criando o novo metal em si mesma. Depois convocou os filhos para se vingarem do pai lascivo, a fim de destroná-lo e surgir à luz. Só Cronos teve coragem, tomou a foice e escondeu-a.
Quando o enorme Urano voltou e se deitou, Cronos estendeu sua mão, agarrou o pai e castrou-o. Posteriormente, arremessou as partes do pai ao mar. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas desta espuma ensangüentada, nasceu Afrodite (deusa do amor), saída de uma espuma da água, ao mesmo tempo em que o sangue de sua ferida gerou as Ninfas Miríades, as Erínias e os Gigantes, quando atingiu a terra.
Sem a interferência do pai, Cronos
tornou-se o rei dos deuses com sua irmã e esposa
Reia como cônjuge e os outros Titãs como sua corte.
Nascimento de Zeus e seu apogeu
Zeus |
Cronos era um deus da mitologia pré-helênica ao qual se atribuíam funções relacionadas com a agricultura. Mais tarde, os gregos o incluíram em sua Cosmogonia, mas lhe conferiram um caráter sinistro e negativo. Seu reinado era ameaçado por uma profecia segundo a qual um de seus filhos o destronaria. Para que não se cumprisse esse vaticínio, Cronos devorava todos os filhos que lhe dava sua mulher, Réia.
Quando Zeus nasceu, Réia aconselhou-se com os pais Urano e Terra. Eles mandaram-na para Creta, e a Terra recebeu a criança recém-nascida numa caverna sagrada debaixo das florestas do Monte Egeu. Réia então deu a Cronos uma pedra embrulhada em cueiros e ele engoliu sem perceber o ardil.
Zeus foi criado pela ninfa Adrastéia e alimentou-se do mel e do leite da cabra Amaltéia. Este, quando cresceu, arrebatou o trono do pai, conseguiu que ele vomitasse os outros filhos, Deméter(a mãe do Trigo), Hades(morte), Héstia(o Lar), Poseidon(mares) e Hera(a Senhora), ainda vivos. Para tal intento, Zeus deu a Cronos um remédio de mostarda e sal e Crono vomitou primeira a pedra e depois todos os filhos. E o expulsou do Olímpio, banindo-o para o Tártaro, lugar de tormento. Com a ajuda deles encarcerou Cronos no inferno.
O domínio de Zeus marca a terceira geração de deuses. Ele repartiu o mundo com seus irmãos. Poseidon ficou com os mares, Hades com o mundo subterrâneo, e a ele próprio coube o céu. Essa geração também teve muitos filhos. De Zeus e Deméter nasceu Perséfone: de sua união com Memória nasceram as Musas; com Leto, Apolo e Ártemis; com Hera, Ares, Hebe e Ílitia; com Maia, Hermes; com Sêmele, Dioniso. Mas a primeira esposa de Zeus, Métis, a astúcia, foi engolida por ele, porque estava destinada a dar à luz dois filhos: um era Atena, e o outro seria aquele que destronaria seu pai. Zeus engoliu Métis e ficou astucioso, e gerou Palas Atena, que nasceu de sua cabeça.
(Hesíodo, Teogonia)
Segundo a tradição clássica, Cronos simbolizava o tempo e por isso Zeus, ao derrotá-lo, conferira a imortalidade aos deuses. Era representado como um ancião empunhando uma foice e freqüentemente aparecia associado a divindades estrangeiras propensas a sacrifícios humanos. Além disso, representa a passagem dos deuses antigos (ciclopes e titãs) para os deuses Olímpicos (assim chamados por serem aqueles que habitavam o monte Olímpio), liderados por seu filho Zeus. A seguir guerreou contra os gigantes: a gigantomaquia.
Origem dos homens
Prometeu, filho de um Titã, criou os homens e deu lhes o fogo, que roubou de Zeus, o acorrentou no alto do Cáucaso, onde um abutre lhe devorava todos os dias o fígado, que renascia de noite. Hércules libertou-o do suplício, matando o abutre.
Pandora |
A primeira mulher, Pandora, surgiu como uma represália de Zeus contra o roubo do fogo por Prometeu, segundo o relato de Hesíodo: Filho de Jápeto, sobre todos hábil em tuas tramas, apraz-te furtar o fogo fraudando-me as entranhas; grande praga para ti e para os homens vindouros! Para esses em lugar do fogo eu darei um mal e todos se alegrarão no ânimo, mimando muito este mal.
Para castigar os homens, Zeus mandou o dilúvio Deucalião, o filho de Prometeu e sua mulher Pira salvaram-se e recriaram a humanidade. Desse modo deuses e homens, em essência eram muito semelhantes.