Adeus, meus sonhos!

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

Álvares de Azevedo

sábado, 16 de abril de 2011

O mito da criação, segundo a Mitologia Nórdica

Na aurora dos dias não existia nada só havia o Caos.
ODIN
         Nem Céu, nem Mar, nem Terra - nada disto havia. Apenas três reinos coexistiam: o Ginnungagap abismo primitivo, frio,escuro e vazio, situado entre Muspellheimr ao sul: a Morada do Fogo, uma terra de calor e fogo incessante guardada por um gigante que com uma espada flamejante em punho, que a cintilava de um lado para o outro antes da entrada, mandando para frente uma chuva de faíscas incandescentes e Niflheimr ao norte: a Morada das Névoas ,uma terra tenebrosa cheia de melancolia, da qual um rio que se abria em doze grandes rios, que fluía de uma fonte que nunca exauria. No meio de Nifleheim corre Hvergelmir, uma cascata de onde saem onze rios conhecidos coletivamente como Elivagar Conforme estes se afastavam de sua fonte até as bordas do Ginnungagap, o frio congelou suas águas e vapores transformando-os em gelo e neve. 
         A água em seu curso encontrava correntes de vento gélido, que fazia congelar a água formando gigantescos blocos de gelo, rolando pelo abismo ao som de trovões empilhando-se até que formaram montanhas de gelo brilhantes e polidas.
         Durante muitas eras, assim foi, até que as névoas começaram a subir lentamente das profundezas do Niflheim e formaram no medonho abismo de Ginnungagap um gigantesco bloco de gelo.
         E das terras denominadas Musspell, caíram as faíscas sobre os blocos de gelo e os dissolveram ,formando grandes nuvens, que novamente foram congelados,virando geada que preencheram todo espaço deixado entre as montanhas de gelo, descendo um ar quente e este encontro do calor com o frio de Niflheim começou a provocar o derretimento do imenso bloco de gelo.
         Então após mais alguns milhares de eras quando o golfo estava coberto até o topo, essa grande massa de nuvem congelada, aquecida pelas chamas da Morada do Fogo, e esfriada pelo ar gélido da morada das Névoas, deram lugar ao ser primeiro Ymir, o gigante de gelo, um gigante de tamanho descomunal e um coração cruel... O gelo foi derretendo e deixando entrever a forma de um gigante.
 Mas Ymir sentiu fome e não havia nada para saciar sua fome. Foi quando ao longe avistou a vaca Aundla , da qual jorrava quatro correntes de leite onde Ymir se alimentou.Mas Aundla também sentiu fome e não havia nada para que ela saciasse sua fome a não ser o gelo e o sal que nele continha.E Aundla começou a lamber o sal e a derreter o gelo, quando surgiram cabelos. A vaca continuou a lamber e logo apareceu metade do corpo e finalmente ela livrou do gelo um ser poderosíssimo, de coração quente e intenções benevolentes.Seu nome era Buri, e Ymir logo o percebeu e seus filhos seriam sempre inimigos dos gigantes do gelo.
         O tempo passou e logo os filhos de Ymir começaram a provocar a crueldade. Mas Buri havia se unido com uma giganta e criaram três filhos : Odin, Vili e Vê (Grande Ira,Vontade e Sacramento).Logo rompeu um combate de proporções inimagináveis e Odin, Vili e Ve Derrubaram o gigante Ymir .  Das chagas de Ymir escorriam poderosas correntes de sangue que afogou grande parte dos gigantes do gelo restando apenas dois que fugindo em um bote navegaram até o limite do mundo, e formaram ali toda a nova geração de gigantes do gelo,que sempre se manifestavam cruelmente aos deuses.
         Odin decidiu dar forma ao universo caótico que o cercava,e usaram do corpo de Ymir para construí-lo . Com o corpo formaram a terra, com os cabelos as arvores, com o sangue formaram os rios, com os ossos as montanhas, com o crânio fizeram o céu,seu cérebro foi espalhado e fizeram as nuvens contendo neve e granizo.Com a testa de Ymir os deuses formaram Midgard, a Terra média destinada a tornar-se a morada dos homens e das sobrancelhas fizeram poderosas cercas para impedir a passagem dos gigantes para Midgard .O céu por si só era mantido por quatro fortes anões que sustentavam com força colossal o norte, o sul,o leste e o oeste.
         Mas o mundo ainda estava escuro e os deuses retiraram fagulhas de Muspellheimr e atiraram ao céu formando as estrelas. Da mesma fonte com que os deuses criaram as estrelas fizeram o sol e a lua e puseram carruagens de ouro e arrearam lindos cavalos de crinas flamejantes de ouro e prata.
         Aos cavalos que puxavam o sol foram dados poderosíssimos escudos para que se protegessem dos incandescentes raios que o sol emanava. O mesmo não ocorreu com os ágeis cavalos da lua pois eram banhados por dóceis raios.
         Estava tudo perfeito mas ambos os astros foram criados para determinar o tempo e as carruagens precisavam de cocheiros para guiá-las com precisão e esta tarefa os deuses destinaram a Mani e Sol, Filho e Filha de um gigante. Assim os dias os meses e os anos foram determinados pelas viagens que Sol e Mani percorriam.
         Depois Odin chamou a Noite, a triste filha de um gigante de coração frio a guiar a carruagem escura puxada pelo cavalo negro, Crina Congelada, cujo cabelo escorriam gotas de orvalho e geavam terra abaixo. Após ela, vinha o Dia, com seu cavalo crina Flamejante, que irradiava a luz do dia para destruir o mal que brotava na escuridão da noite.
         Assim aglomerando os dias e as noites em blocos, Odin ordenou que se apresentassem quatro estações criando assim um ciclo, e fez com que os animais, vegetais e o clima obedecerem a seus períodos.
         Por vezes, os gigantes irritados com tantas coisas maravilhosas ultrapassavam as fronteiras impostas pelos deuses e logo começavam as tormentas sobre a terra. Foi que um dia, um gigante vestido com plumas de águia que se posicionava ao norte de Midgard, sempre que levantava seu braço e o abaixava um, bloco de gelo era atirado de Niflhemr contra Midgard.
Dos destroços destes blocos surgiram diferentes tipos de larvas que se transformaram em criaturas de diferentes índoles, e assim surgiram os Trols. gnomos, duendes, fadas, elfos e outras criaturas.
         As que possuíam coração bom e atitudes benevolentes, os deuses construíram sua morada graciosa chamada Ljossalfheimr, um lugar tão luminoso quanto seus habitantes elfos e fadas.Por serem tão graciosas, delicadas e gentis, os deuses deram asas às fadinhas para que pudessem trazer sua luz e benevolência tanto em Midgard como em Asgard também.
         As outras criaturas que se demonstravam mais mesquinhas e hostis os deuses não criaram morada alguma e estavam condenadas a aparecerem apenas à noite, pois caso recebessem os raios solares tornariam-se pedras mortas. E assim a prazerosa Midgard foi construída ao bom gosto dos deuses.
         Mas aquela terra faltava pessoas para povoá-la e adora-la. Então os deuses decidiram povoar sua obra, e de um freixo fizeram um homem e de amieiro ,um mulher.O homem foi chamado de Ask , a mulher Embla. Odin deu-lhes vida e alma. Vili a razão e o movimento, e Vê, os sentidos a fisionomia expressiva e o dom da palavra.Estes foram os progenitores da raça dos homens e estes povoaram Midgard e cultuaram os deuses.
Depois que Midgard e os homens estavam feitos, Wotan decidiu que era preciso que os deuses tivessem também uma morada exclusiva para si, e então fizeram Asgard para ser o lar dos deuses. Este reino estava separado do restante do universo.
         Então, Wotan pensou que não seria bom se jamais existisse um elo de ligação entre deuses e mortais. Por isso, determinou que fosse construída a ponte Bifrost (a ponte do Arco-íris). Heimdall ficaria encarregado, desde então, de vigiá-la noite e dia para que os mortais não a atravessassem livremente no rumo de Asgard.
Nas profundezas da terra, muito abaixo de Midgard, estava o Niflheim, o horrível e gelado reino dos mortos. Lá pontificava a sinistra deusa ú, filha de Loki, que se regozija Com a fome, a velhice e a doença, e que tem ao lado a serpente Nidhogg. Esta se alimenta dos cadáveres dos mortos e se dedica a roer continuamente uma das raízes da grande árvore Yggdrasil, um freixo gigantesco que se eleva por cima do mundo e deita suas raízes nos diversos reinos, entre os quais, o próprio Asgard.
Yggdrasil, também chamado da Árvore do Mundo é a árvore gigante que interligava todos os mundos. É o centro do mundo, e, enquanto suas raízes continuarem a suportar o peso de seu prodigioso tronco e de seus ramos infinitos, o mundo estará firme e a vida será soberana, sob os auspícios de Wotan, senhor dos deuses.
E esta foi à conduta de sua criação.

terça-feira, 12 de abril de 2011

CRY FOR THE MOON(Chore Para a Lua)

Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre


Mentes doutrinadas frequentemente contém pensamentos doentios
E cometem a maioria dos males contra os quais pregam


Não tente me convencer com mensagens de Deus
Vocês nos acusam dos pecados cometidos por vocês mesmos
É fácil condenar sem se olhar no espelho
Atrás dos bastidores é que está a realidade


O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer


Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre


A virgindade foi roubada em tão tenra idade
E o exterminador perde sua imunidade
Abuso mórbido de poder no jardim do Éden
Aonde a maçã ganha uma face jovial


O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer


Siga seu senso comum, você não pode se esconder
Atrás de contos de fadas para sempre e sempre
Apenas revelando toda a verdade poderemos descobrir
A alma desta fortaleza doentia para sempre e sempre, para sempre e sempre


O silêncio eterno clama por justiça
O perdão não está à venda e nem a vontade de esquecer


Você não pode continuar se escondendo
Atrás de velhos contos de fadas e continuar lavando suas mãos em inocência

Epica

Lembranças de Morrer

"Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo  
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh' alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade - é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas....
De ti, ó minha mãe! pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos - bem poucos - e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios, me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores....
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecidas,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
- Foi poeta - sonhou - e amou na vida..

Sombras do vale, noites da montanha,
Que minh' alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d' aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear a lousa!"

Álvares de Azevedo